É interessante pensarmos como o trabalho é central em nossa sociedade e é desumanizante nos modos como se coloca em nossa sociedade capitalista. Mas ele é necessário pois é por ele que a sociedade se estrutura, cabendo a grande classe trabalhadora tudo produzir para que possamos sobreviver enquanto sociedade. Assim, deve se pensar formas outras mais humanas e que potencializam o ser. Isso é algo que os cristãos deveriam pensar.

Vemos isso quando Deus cria o mundo, exercendo trabalho sob sua criação e criando o ser humano que cria e produz. Produz sobrevivência, produz beleza, produz sentido que vem destes ofícios.

Da mesma forma, vemos o Cristo no ventre de Maria se tornando humano e carpintaria de José se tornando Classe operaria (Casaldáliga).

O verbo assume este lugar de classe produtora de sentido. Pertencente a classe trabalhadora e anunciando um novo tempo.

Deus com seu corpo de trabalhador anuncia outras relações de trabalho e outras formas de ser. Formas que haja espaço pra produção, contemplação, descanso assim como o Deus criador trabalhador fez.

Por ele ter se feito classe trabalhadora, será nela que veremos os reflexos do sagrado, pois foi nela que vimos o verbo feito carne, cheio de graça e verdade. Dessa forma, direitos trabalhistas, o combate a uberização do trabalho, direitos a licença maternidade e outros, são pautas sagradas que em seu engajamento, vemos o Deus da vida e podemos entender seus passos.

Que possamos meditar nessas coisas. Pensando os direitos das mulheres negras que estão em trabalhos desumanizantes. O verbo deve se encarnar lá. Aos homens pretos e suas longas horas nas construções e outros trampos braçais. O verbo precisa se encarnar lá. Precisa encarnar onde o povo sofre para que este povo, na luta pela vida, possa encontrar este Deus que lutou para que a vida em abundância corresse como rio e inundasse as obras da morte que hoje se manifestam nas formas de trabalho.

Avante meu povo, rumo a um mundo melhor em que habita a justiça e a vida.